Outros Escritos

André Rocha

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Albert Park

Aotearoa
(Land of the Long White Cloud)

Now the Lord God had planted a garden in the east, in Eden;
and there he put the man he had formed. And the Lord God made
all kinds of trees grow out of the ground
(Genesis 2:8)


O que meus olhos viram... despidos e estaticos para o mundo
Vi a casa do poder compartilhado e mulheres ditando agendas do futuro nas grandes e imponentes mesas de Wellington
Cuba Street feito uma praca destruindo fashion nonsenses
Cancoes de protesto em troca de moedas no chapeu
Juncao de tecnologia e primitivismo com janelas mostrando passaros famintos no porto imagens mortas no Museu Nacional.
Katherine Mansfield quando crianca brincando no quintal onde nasceu
Vi o Cable Car escalando repetidas vezes pro alto e abrindo portas no Botanic Garden
E lah, vi o sol cortinar e descortinar verdes montes e vibrantes flores.

O que meus olhos viram... como num relampago a fotografar o infinito
Vi a Ilha Norte sumindo na linha do horizonte e o Cook Strait nos transformar em miseras criaturas perdidas em alto mar.
Picton convidando a descer escadas para as maravilhas da Ilha Sul.
Vi ruas absolutamente limpas em Nelson onde carros nos convidam para sermos donos das travessias e jovens correndo com brinquedos na praia.
Muitos idosos na forca de trabalho

O que meus olhos viram... com musculos vermelhos atacados pelo vento
Vi humanos sem nome no Abel Tasman Coastal Track
Praias desertas de aguas verdes quando flutuava no caminho de pedras brancas
Vi animais em capas de chuva cruzando neblina e sumindo em vales alagados
Subidas ingremes ferindo os musculos sem permissao para o descanso
Cidadaos do mundo cruzando meus passos em contra-mao Norte? Sul?
Direcoes confusas confusoes sobre direcao!
Vi todos vindo enquanto eu indo

O que meus olhos viram... feito um canal a espargir seratonina
Vi passaros que cantam por ecos e conversam por melodias em caminhos sombrios sob gigantes e umidas arvores
Pontos brancos pintados na mata:
- Neve?...Neve;Neve!...Neve!!... Neve!!!!!!...Primeiros flocos de gelo

O que meus olhos viram... como um quente clarao fechando as palpebras
Passarelas de madeira sustentando pesados muchileiros rumo a cabanas frias
E o sol esteve muitas vezes lah sozinho como sempre esteve
brilhando imponente pra ele mesmo.
Bicho das aguas dormindo em rochas quentes


O que meus olhos viram... sem os oculos embassando o dia
Vi minha trekking pole se afastando em Greymouth rumo a Invercargill
estava perdida
O Tranzalpine entrando em belos cenarios e cortando montanhas de gelo
Como um rabo de vento zigzagueando estradas de ferro sobre canais de agua.
Railway Stations vazias e escuras ao meio-dia

O que meus olhos viram... sem medo do chicotear de reais imagens
Vi Backpackers para soldados em viagem de guerra em Christchurch
Belas mulheres fardadas patrulhando as ruas e trocando apitos e batons.
Juizes sem martelos e desinteressados pelos donos da culpa
Milhares de vidas orientais tentando a diferenca em enfeites coloridos
Ornamentos corporais, grandes sapatos, cabelos amarelos, argolas na carne
Vi a rota da terra colocando NZ no centro do mundo e o Wizard subindo escadas na Cathedral Square anunciando nonsenses.

O que meus olhos viram... num lancar de imagens excitando neuronios
Dunedin comprou minha alma no mercado dos sonhos
Vi predios antigos abrigando vozes de sabedoria pelos patios da Otago University
Meninos gritando musicas na praca central
Ruas vazias ao meio-dia e portas cerradas contra o vento frio
Vi minha infinita existencia no Look Out e a indivizibilidade da materia corroer minhas crencas no fim dos dias
Banheiros eletronicos rumo a Steepest Street in the world
Vi estatuas cheirando flores no Botanic Garden e ondas de silencio soprando nas noites

O que meus olhos viram... em passeios solitarios ao crepusculo
Vi maquinas voadoras deitadas no Lago Te Anau
A fada dos ventos bailando no rastro de luz e cantando hinos de gloria sobre as aguas
E o rumor das ondas compondo orquestra celeste com o coral de passaros
Vi homens desaparecerem em neblinas e a terra se transformar em verbo novamente
Alvas nuvens fugindo aturdidas de negros flocos carregados de gelo no ceu
Barcos machucando aguas e ventos como armamentos belicos contra o invencivel exercito da natureza

O que meus olhos viram... como um piscar lento na chuva
Milford Track foi a visao de um resumo das maravilhas do universo
Monumentos construidos em picos abandonados inabitaveis
Lagos em altitudes sem esperanca humana
O que meus olhos viram no reflexo de avalanches na retina
Tempestade de neve congelando os dedos e tremendo os ossos
Assisti avalanches feito brancas nuvens caindo do ceu anunciadas por trovoes
Umidas matas e caminhos de lama
Quatro dias lavando a aura com bencaos da chuva alma umida
Bandeiras vermelhas anunciando perigo de quedas por lagrimas petrificadas
Botas escorregando na neve
Cachoeiras tantas e tantas contei-as no vale ateh perder o sentido em numeros


O que meus olhos viram... num umido franzir de testa
Vi a face de tranpers ao redor do fogo e todos os dias sumirem na mata fechada
Riachos, rios, geleiras, patos azuis, pedrasaguaaguaagua.e agua

O que meus olhos viram... contraidos a fixar a queda
Vi perigosos brinquedos em Queenstown
Criancas caindo do ceu buscando o prazer do voo
Seres pulando de pontes sem esteio nas maos
Gritos batendo no nada e doendo os pulmoes
Meninas coloridas a sustentar muletas e deitadas no chao
A Gondola num ir e vir sem fim transportando amantes do alto e cacadores de emocao

O que meus olhos viram... no quarto invisivel das noites em cabanas
Vi cidadaos do mundo convergindo para as belezas da vida fundindo oriente e ocidente numa linguagem universal
Anjos descendo das nuvens pra brincar com bonecos de neve
Criancas no parque faces tatuadas
Lembrei Eclesiastes: Meaningless! Meaningless! Says the teacher. Utterly meaningless! Everything is meaningless.
Tive sonhos estranhos sobre o Eterno Retorno

O que meus olhos viram... no reflexo de aguas limpidas do mar
Toquei em aguas puras e podia ver dez metros ao fundo
Minhas botas engolidas pela lama meu corpo doia de saudade de Deus
Lembrei Jesus chutando barracas no templo transformado em mercado
Abri a voz e lancei minhas cancoes favoritas no caminho solitario
Dormi sob pontes de madeira embalado pela musica das corredeiras
Gritei no alto esperando resposta da criacao
Estacionei em pontos brilhantes buscando nutricao

O que meus olhos viram... como a visao ao fim do sexto dia
Passaros pousaram inocentes no meu corpo
Vi faiscas solares diluindo nuvens e abocanhando os lagos
Estradas desertas singrando montanhas
Vi minha sombra na praia formada pelo brilho da lua
Vi, como se estivesse vendo o mundo pela primeira vez.
Porque humano, demasiado humano, vi tudo que estava criado, vi que era bom
E descansei ao setimo dia.
Kiwi, Silver Fern, All Blacks, God Defend New Zealand.

Andre Rocha
Auckland/NZ - Nov/2002


Mano a mano com amor

" Escrevo... logo, existo!"

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- PODER E MEDO -
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De nada me valeria
o pulsar desta vitória
se o traço horizontal
brincasse com os eixos,
a cruz não nasceria da terra
e vão seria o tempo
dispensado em regá-la.
Bolas de aço derreteriam nos
moldes enfileirados pelo chão
em estrume estéril.
Restaria a fumaça exalando
o odor fúnebre da fé .
Todo o pó se queimaria
inutilizando a força dos grãos .
Restaria o cisco nos olhos da vida.
Que seria infinita , pois
demasiadamente injusta a
posse deste troféu.
Tão pouco lavaria minhas mãos e
o rosto com o líquido das glândulas
ainda que seja impuro.
O braço que erguera o símbolo
de poder , era o mesmo galho
ensombreando e afagando as forças
imortais do medo.
Agora desnudando os nervos e as
veias carregadas de veneno contra
os males da inveja.
A cura da própria doença.
No cume dos raios de luz ,
a sombra dos corpos
na cauda negra do vento ,
o esvoaçar dos cabelos em pânico.
Acima das auras multicores ,
a multidão refletida no ouro fundido,
a ganância enlouquecida
e cada delírio convulsivo tremia
o coro de cordas famintas .
A garganta seca dançando na chuva.
De que me valeria esta ascensão doída
sem a angústia sofrida ?
Aquele pão mofado que o estômago
recebeu com alegria.
Aquela água fétida repousando
tranquila nas paredes dos rins .
Nada que me fora concedido,
foi ignorado:
O beijo da meretriz
O fígado do bêbado
A esmola do mendigo
O choro das virgens imaculadas e alienadas
As mãos do meu assassino
A mesma lâmina que cortara a visão
arrogante , esculpiu o tablado onde
os vencedores estouram a champanhe.
E o líquido escorre atrás da sede
mendigante dos que almejam ao trono.
Os cacos como espelhos
para sua falsa beleza.
Os amantes das coroas e anéis
carregam o peso da alma
em chumbo maciço.
O pensamento ôco sorrindo e
enrolando-se no tapete vermelho
do salão.
Já dormem as fileiras estáticas
sobre os escudos carcomidos
entre os ratos do porão.
Cada mão segurando a espada
cravada nas costas do rei...
E o trono está vazio .
Além das muralhas da corte ,
a fome caminha em passos largos .
Lágrimas empossavam nos sulcos deixados
por seus pés malévolos,
pisoteando os ossos fracos
dos escravos e enterrando as
palavras verdadeiras e ocultas .
Afastemo-nos deste altar...
Neste troféu o medo saciou sua sede .
25/12/86

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- PARA MAIS UMA MULHER -
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Mais que a dor do rompimento
É perder o que ainda não se teve
É se atrever a possuir aquilo
Que não se dá
Do mais vermelho rosto
Negro e longe donativo .
Não existe a corrente entrelaçada
Nos braços de cupido .
E o tempo , esse maldito ,
Não a prendeu a tempo
No abismo , o guerreiro caído
Lava-se com os escarros
Da mulher que salvara a pouco .
E ela canta e dança e sorri
Ri ...
Vomita gargalhadas , perante
O infortúnio do herói vencido .
O mesmo que destruira o dragão ,
Vê-se destronado pela estultícia da paixão.
A mesma língua que arriscou Eu Sou ,
Anda claudicante pela força do Eu Preciso
Eu Temo , Eu Não Sei , Eu Não Tenho .
arranhar as paredes do abismo ,
gritar até que se doam os dentes
chorar até que os olhos reclamem
da inutilidade do ato
ou , por fim , esperar irado que venha
um novo rosto à entrada
do abismo ...
Que despido de todas as cerimônias :
beijos , abraços , carinhos , gemidos ,
olhares languidos , palavras doces ,
(esses precursores de amarras )
apenas ofereça a mão como
apoio para a ascensão do guerreiro caído.
Aquele que conheceu o abismo da solidão ,
Cauteloso é perante a mão da mulher .

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